terça-feira, 5 de março de 2013

Mas que perda de tempo!



Conta-se que na Pérsia antiga vivia um rei chamado Zemir. Coroado muito jovem, julgou-se na obrigação de se tornar sábio. Então, reuniu em torno de si numerosos sábios vindos de todos os Países e pediu-lhes que editassem para ele a História da Humanidade. Assim, todos os eruditos se atiraram de coração e alma a este estudo. 
Vinte anos escoaram-se na preparação desta edição. Finalmente, dirigiram-se ao palácio, carregados de quinhentos volumes acomodados no dorso de doze camelos. O rei Zemir havia, então, passado dos quarenta anos e já começava a sentir as maleitas da idade. 
- Já estou velho - disse ele. - Não terei tempo de ler tudo isso antes da minha morte. Nessas condições, por favor, preparai-me uma edição resumida. 
Por mais vinte anos trabalharam os sábios na feitura dos livros e voltaram ao palácio com três camelos apenas. Mas o rei envelhecera muito. Com quase sessenta anos, sentia-se enfraquecido. 
- Não me é possível ler todos esses livros. Por favor, fazei-me deles uma versão ainda mais sucinta. 
Os eruditos labutaram mais dez anos e depois voltaram com um elefante carregado das suas obras. Mas a essa altura, com mais de setenta anos, quase cego, o rei não podia mesmo ler. Pediu, então, uma edição ainda mais abreviada. 
Ora acontece que os eruditos também tinham envelhecido. Concentraram-se por mais cinco anos e, momentos antes da morte do monarca, voltaram com um volume só. 
- Morrerei, portanto, sem nada conhecer da História do Homem - disse ele, amargurado. 
À sua cabeceira, o mais idoso dos eruditos respondeu: 
- Vou explicar-vos em três palavras a história do Homem: Ele nasce, sofre e, finalmente, morre. 
E nesse preciso instante o rei morreu. 

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