sábado, 29 de setembro de 2012

Relato da Peregrinação de uma família carmelita (VII)

 
A etapa que mais custou foi a do primeiro dia, entre Viana e Caminha, porque levávamos demasiada carga, e o calor era imenso, e íamos com ideia de chegar a horas ao albergue, até que devido ao calor e ao cansaço o João sentiu-se mal, foi um pouco complicado, mas não podíamos fracassar de maneira alguma. No dia seguinte lá continuamos caminho. E já era tanta a boa disposição que passamos a manhã a comer cerejas.
Muitas e variadas coisas que cada um de nós podia guardar no coração, muitas mesmo, mas o que de mais profundo nos ficou foi Jesus Cristo.
Porque em tudo Ele esteve presente, senão vejam:
Sempre que o cansaço era muito e o calor apertava Ele punha sempre ao nosso jeito uma sombrinha para nos proteger do sol que queimava. Quando a água das garrafas acabava, o Senhor Jesus nos colocava as nascentes de água fresca, saída da montanha para matarmos a sede que por vezes nos incomodava, até para nos abstrair dos quilómetros que ainda faltavam, nos enviava a boa disposição, e na mais completa gargalhada eu fazia cerca de uns cem metros para trás, só porque tinha deixado no banco uma tampa. Mesmo quando chegávamos aos albergues e as portas nos fechavam, porque estavam cheios e tínhamos que dormir ao relento, aí se encontrava Ele. dormia a nosso lado para que nada nos acontecesse.
Pela manhã não tínhamos hora para levantarmos, porque um dia nos deitávamos mais cedo outro mais tarde, por vezes não tínhamos sono e ficávamos a conversar sobre as peripécias do caminho.
Eramos sempre bem recebidos pelas pessoas que encontrávamos no caminho e nos locais onde parávamos, as pessoas saudavam-nos com carinho, eram afetuosas, desejavam-nos sempre um bom caminho e tudo de bom.
Nós fizemos o caminho português da Costa até Santiago e desde o segundo dia até ao quarto dia tivemos alturas que fizemos quilómetros e quilómetros de caminho sem ver ninguém, apenas de um lado montanha e do outro lado o mar imenso, calmo e suave. Era só andar, andar, e não víamos ninguém. Se tivéssemos fome ou sede era muito complicado, porque o remédio era aguentar até quando encontrássemos um lugar onde pudéssemos petiscar alguma coisa.

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